Um poderoso chefe da máfia é assassinado e seus filhos se esforçam para estabelecer a supremacia de sua família no mundo do crime. Um dos maiores filmes de todos os tempos lançado em 1972, confira abaixo 20 curiosidades sobre o filme O Poderoso Chefão:
01. O filme é baseado no romance de mesmo nome escrito por Mario Puzo. Antes mesmo de finalizar o livro, Puzo precisava de dinheiro e colocou os direitos de adaptação de seus manuscritos em oferta para produtoras. A Paramount Pictures se interessou pela história e o produtor Robert Evans adquiriu os direitos da obra. O livro foi lançado em 10 de março de 1969 e esteve na lista de best-seller do The New York Times por 67 semanas.
02. Antes de Francis Ford Coppola ser escolhido para dirigir o filme, os produtores tentaram alguns nomes como Sergio Leone, Peter Bogdanovich e Arthur Penn; mas todos recusaram. Coppola tinha poucos trabalhos na época e vinha do fracasso Caminhos Mal Traçados (1969). O produtor Robert Evans acabou escolhendo ele por ser de origem italiana.
03. Antes de O Poderoso Chefão, Al Pacino não era tão conhecido e a Paramount Pictures se opôs a sua escalação para o papel de Michael Corleone. O estúdio estava interessado em nomes como: Robert Redford, Warren Beatty, Martin Sheen, Dustin Hoffman, Jack Nicholson e até mesmo James Caan. Coppola insistiu em Pacino e, para assegurar sua escolha, o diretor aceitou James Caan no papel de Sony.
04. Devido as negociações de Coppola para ter Al Pacino no filme, Robert De Niro foi considerado para o papel de Sonny Corleone, e chegou a fazer uma audição, mas acabou perdendo o papel para James Caan. Ainda assim, os produtores ofereceram a ele o papel de Paulie, o capanga de Corleone que trai a família; mas quando o convite chegou, o ator já tinha se comprometido com o filme “Quase, Quase uma Máfia”, no lugar exatamente de Al Pacino que saiu do projeto para atuar em “O Poderoso Chefão”. De Niro acabou aceitando o papel de Vito Corleone mais novo, na sequência “O Poderoso Chefão Parte II”.
Crédito: Paramount Pictures |
05. A Paramount Pictures estava interessada em atores como Carlo Ponti, Charles Bronson, Orson Welles, George C. Scott, Anthony Quinn e Richard Conte para o papel de Don Vito Corleone. Laurence Olivier chegou a receber uma oferta para o papel, mas recusou. Coppola e Puzo tinham interesse em Marlon Brando, porém a Paramount se recusou devido o histórico de exigências do ator e aplicou restrições a Coppola para fazê-lo desistir da ideia, como oferecer um salário mais baixo e exigir que o ator pagasse uma fiança caso abandonasse a produção. Durante este processo outro nome especulado foi de Ernest Borgnine, mas Marlon Brando surpreendeu e aceitou as condições, apresentando um vídeo com sua audição usando bolas de algodão para inchar as bochechas e imitando a voz do mafioso Frank Costello, o que convenceu os produtores a escalá-lo.
06. Para o papel de Don Corleone, Marlon Brando, que era mais novo que seu personagem, usou uma prótese nas gengivas para dar uma aparência mais proeminente de suas bochechas. Essa prótese está em exibição no Museu da Imagem em Movimento em Nova York. Al Pacino também precisou de molde dentário para dar uma aparência de desfigurado ao seu rosto após seu personagem ter a mandíbula quebrada. Outros atores também passaram por alterações dentárias como James Caan e Al Lettieri.
Crédito: Paramount Pictures |
07. Durante as gravações, Marlon Brando decidiu não memorizar suas falas com a intenção de obter uma performance mais autêntica dos acontecimentos do filme. Eram colocados cartões com suas falas em objetos do cenário ou até mesmo em outros atores para Brando atuar de forma mais espontânea como se seu personagem estivesse procurando as palavras certas para dizer em cada momento. O ator passou a usar essa técnica em 1966 e fez o mesmo em Superman: O Filme de 1978.
08. A Paramount queria as gravações no estado do Kansas, mas Coppola insistiu para que as gravações ocorressem em Nova Iorque. A comunidade ítalo-americana local ficou incomodada que o filme pudesse manter o estereótipo que vigorava contra os descendentes italianos no país e a própria máfia reagiu com um tiro que atingiu o carro da secretária de um produtor que estava estacionado. Foram feitas negociações e membros da máfia passaram a trabalhar na produção o que aliviou as tensões. Coppola se reuniu com a Liga dos Direitos Civis Ítalo-Americanos e termos como “mafia”, “mob” e “cosa nostra” foram evitadas no filme, exceto por manchetes de jornais após as mortes de Sollozo e McCluskey. A forma menos glamorourizada da vida dos mafiosos e o banimento do uso de termos melhoraram a relação, e o filme foi feito sem muitos entraves. Ironicamente, a Liga era liderada por Joseph Colombo, membro de uma das Cinco Famílias da Máfia Ítalo-Americana em Nova York.
09. Gianni Russo não era ator até conseguir o papel de Carlo Rizzi. Ele estava envolvido como associado na máfia da família Costello e usou isso para conseguir seu papel, se tornando o primeiro filme dele. Tudo indica que Marlon Brando não gostou de ter alguém sem experiência de atuação no filme, Rizzi teria ameaçado Brando, que não sabendo de sua relação com a máfia achou sua performance convincente e mudou de ideia.
10. O ator e cantor Frank Sinatra foi em certo momento relacionado ao personagem Johnny Fontane e acreditava-se que o próprio havia percebido isso. Antes mesmo do lançamento do filme rumores indicavam que Sinatra havia conseguido sua transição de cantor para ator graças a uma possível relação com a máfia, pois ele tinha estranhamente conseguido seu papel no filme A Um Passo da Eternidade (1953), que lhe rendeu um Oscar, quando sua carreira já não estava mais em alta. Sinatra ameaçou o escritor e roteirista Mario Puzo em um restaurante e o papel de Al Martino foi reduzido no filme. Puzo nunca confirmou que Sinatra foi a base para Johnny Fontane, embora Coppola tenha reconhecido a influência.
Johnny Fontane | Paramount Pictures |
11. O diretor Francis Ford Coppola contou com 7 membros de sua própria família durante a produção do filme. Sua irmã, Talia Shire interpreta a filha de Don Corleone, Connie. Seu pai, Carmine, contribuiu com partes de piano para a trilha sonora e aparece ao lado da esposa Italia durante uma cena de restaurante; e Italia também fez a voz de uma telefonista. A filha de Coppola, que tinha menos de um ano na época, aparece como a filha de Connie, batizada por Michael; e seu filhos Gian-Carlo e Roman aparecem no funeral de Don Corleone. Sua esposa esteve ao seu lado contribuindo para a direção de fotografia.
12. A produção do filme foi conturbada devido as discordâncias entre Coppola e a Paramount Pictures, desde a escolha do elenco, as locações de filmagens, o tempo de execução e a trilha sonora. Os atrasos na produção também custaram caro a produtora que quase substituiu Coppola pelo editor Aram Avakian. Coppola percebeu o movimento da produtora e demitiu Avakian e outros membros da produção e Marlon Brando ameaçou abandonar a produção caso Coppola fosse demitido. O cineasta Elia Kazan chegou a ser procurado para assumir o posto de Coppola, mas o diretor conseguiu concluir o filme.
13. Como preparação para o filme, Coppola realizou sessões de ensaio de improvisação com elenco principal já interpretando seus personagens em uma refeição em família e assim estabelecer de forma natural os papéis familiares vistos no filme. A própria gravação da cena do casamento foi feita de forma improvisada para o elenco agir de forma mais livre.
14. A famosa fala do personagem Clemenza na cena da morte de Paulie: “Deixe a arma. Pegue o cannoli”, foi improvisada pelo ator Richard Castellano após o diretor adicionar uma fala da mulher do personagem na cena anterior “Não se esqueça do cannoli!”.
15. James Caan improvisou o uso da tampa da lata de lixo durante o espancamento de Carlo, e o tratamento ao fotógrafo do FBI, ao quebrar sua câmera e jogar dinheiro no chão. Mas ele não foi o único, Brando improvisou o tapa na cara de Johnny Fontane e pegou o ator Al Martino de surpresa, o que tornou a cena mais genuína.
16. Durante as gravações, um gato de rua era visto frequentemente por Coppola. Enquanto eles preparavam para gravar a cena de abertura, o diretor avistou o gato e decidiu adicioná-lo na cena. Apesar da cena ter se tornado icônica, mostrando o contraste entre o discurso ameaçador de Corleone e seu lado mais suave acariciando o bichano, o ronronar do gato ficou proeminente e precisou ser removido na pós-produção. Nas reedições do filme, o ronronar foi reinserido para dar mais autenticidade.
17. Durante os ensaios da cena com o personagem Jack Woltz acordando com uma cabeça de cavalo em sua cama, foram usadas cabeças de cavalo falsas, mas na tomada final usada no filme, a cabeça falsa foi substituída por uma cabeça real para a surpresa do ator John Marley que não sabia da substituição e ficou aos gritos, o que fez a cena ser mais espontânea. Grupos de direitos dos animais protestaram contra a cena. Coppola disse que a cabeça do cavalo foi entregue a ele por uma companhia de ração para cachorro e que o cavalo não foi morto especificamente para o filme e o sangue na cena era falso.
18. Lenny Montana era um ex-lutador profissional e chegou a trabalhar para uma família mafiosa em Nova York como executor e segurança particular. No filme ele interpretou Luca Brasi, um dos principais aliados de Don Corleone. Montana estava tão nervoso em atuar com Marlon Brando que teve dificuldades em incorporar o personagem quando ele encontra Don Corleone em seu escritório. Coppola fez algumas tentativas, mas com o tempo curto de gravações ele usou no filme a melhor performance que Montana teve e adicionou a cena que o personagem parece estar treinando o que vai falar, se tornando uma das cenas mais lembradas pelos fãs do filme.
Luca Brasi | Paramount Pictures |
19. O filme contou com um orçamento estimado de US$ 6 milhões de dólares e conseguiu arrecadar quase US$ 250 milhões em todo o mundo. No Oscar de 1973, o filme recebeu 7 indicações, ganhando os prêmios de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator para Marlon Brando e Melhor Filme.